CONFISSÕES DO CORAÇÃO

Dênis Medeiros
(adaptado por Ana Paula Plesky)


Uma amiga minha, de infância, uma grande amiga mesmo, num dia em que eu estava pensando na vida, puxou o seguinte papo, assim sem mais nem menos e sem pedir licença:
- Amiga vou te dizer uma coisa ! Uma das mais difíceis confissões, é a confissão da paixão!
- Uéh? Porque você está me dizendo isto?
- Não, preste atenção, me ouça ! Além dos desafios da conquista do ser amado, a própria constatação de estar apaixonado, já vai debilitando o apaixonado!
- Sim, estou ouvindo, mas não é bom estar amando?
- Deixo eu concluir!- minha amiga parecia brava, queria de alguma forma, que eu não estava entendendo, me alertar de alguma coisa e continuou - Veja bem ! O objeto das emoções do apaixonado - ela explicava - é na verdade o tudo na vida da pessoa, ou seja, algo indispensável a sua própria sobrevivência, como o ar, a água e o pão. Já no começo a paixão já é uma fonte incessante de preocupações.
- Caramba, você está levando este assunto muito sério! Porque você está me dizendo estas coisas?
- Se a paixão é correspondida - insistia ela, definitivamente não me dava ouvidos - a situação é contornável. A doentia paixão pode se amadurecer e se tornar um amor forte e aí o casal poderá viver feliz para sempre e coisa e tal, mas...
- Você está exagerando as coisas ? - tentei entrar no jogo sem dar o braço a torcer.
- Tudo bem ! Estou generalizando, sei que existem muitas outras coisas que influem numa relação amorosa, mas o que eu estou tentando explicar, são os motivos que fazem um coração se amedrontar e não dizer o que sente.
- Bom, de coração acho que você entende? - concordei resignada
- Disso você pode ter certeza !
- Tudo bem , mas você ia dizendo ?
- Então... quando a paixão encontra abrigo, ou faz vítima apenas uma parte, a situação fica complicada, é o que chamo de paixão não correspondida. Enquanto uma parte é ardor e suspiros, a outra parte é desprezo e desdém; mesmo que não tenha realmente a intenção de desprezar e desdenhar; ou ainda acontece ser um pouco mais maléfico, quando na verdade quer ser justamente o contrário.
- Como assim ?
- Assim, ó ! “ Olha o que eu sinto por você é pura amizade! Te quero muito bem mas só como amigo! “
- Acho que entendi !
- Percebe, fica aquela sensação de que o apaixonado está sendo alvo de piedade, ou que confundiu tudo, de que os olhares dizendo: "Vem que eu estou afim !"; não eram necessariamente para ele, que os sorrisos alvos e convidativos na sua direção, eram apenas resultados da lembrança de alguma anedota que foi contada e que agora... – minha amiga fez uma pausa e num tom mais dramático arremata - o apaixonado acaba naquele momento sendo o protagonista da piada.
- Ah ! Mas você está impossível hoje, hein ?? ! - tentei reagir, pois as palavras da minha amiga estavam mexendo comigo, sentia um aperto no peito - Bela filosofia ! - tentei ironizar para disfarçar , pois a carapuça já estava atolada na minha cabeça e batendo forte com as palavras, ela continuava:
- Estes extremos, simplificados no sim ou no não, é que levam muitos apaixonados ao meio termo, ou seja, a veneração do ser amado, à distância. Isso acontece pois o "não" para o apaixonado é mais do que uma recusa, é a própria declaração de morte, pois tem o seu amado como o ar que respira - e eu que estava ficando sem ar para respirar, ainda ouvi - por esta razão há os que preferem a "esperança" não realizável, do que a negação completa. Andam pelas ruas carregando o peso de um sentimento que não pode ser declarado, levam a culpa da sua covardia em pronunciar-se ao mundo e ao seu objeto de paixão assim: "Eu estou apaixonado !", por estes motivos, eu lhe digo que uma das mais difíceis confissões é a da paixão.
Fiquei um tempo absorvendo as palavras da minha amiga; parada e calada; analisando minha situação e depois tomei uma decisão. Confessaria para quem eu amo, a minha situação de "apaixonada", não temeria a verdade em virtude de fracassos do passado. Soltaria as amarras do meu amigo coração, que tão diligentemente me pediu, a sua maneira, que eu o libertasse.
Colho no presente, o que plantei no passado: colherei no futuro, o que plantei no presente.
Qualquer que seja a crise em tua vida, nunca destrua as flores da Esperança e colherás os frutos da fé.

Será que você vai saber o quanto penso em você com o meu coração?
Renato Russo


Uma homenagem a uma pessoa muiiito legal Indy Angel. =^.^=

E para todos aqueles que que amo e não tive oportunidade de dizer ou por medo, ou por falta de tempo , ou ate pelas distancia; para meus amigos que passaram pela minha vida e não vi mais esse clip vai pra vocês :